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Quando o buraco é mais embaixo

O buraco é muito mais embaixo.

Não se trata apenas de uma avaliação de competência. Há muitos interesses em jogo quando o assunto é lidar com a informação, ou infelizmente, a sua manipulação.

Apesar de ser uma discussão antiga, é interessante observar que na última vez que o tema esteve em pauta, o único defensor árduo do diploma de jornalista foi o ministro Marco Aurélio de Mello. Analisando friamente, está cômodo e conveniente não ter o jornalismo com diploma regulamentado no Brasil.

Primeiro é preciso passar pela lógica. Jornalismo é profissão, como tal pede formação. Assim, comunicação social, com a devida habilitação precisa ser reconhecida com seu diploma legal.

A reformulação dos cursos superiores não é necessária somente às faculdades de jornalismo, se assim fosse, muitas profissões estariam na mesma situação.

Contemporaneamente, graduações são pontos de partida imprescindíveis e há inúmeros cursos para que o profissional possa dar sequência aos estudos, manter-se atualizado e em sintonia com as tendências, como também seguir carreira acadêmica, se optar por mestrado, doutorado, pós-doutorado etc.

Aos que acreditam que jornalismo é saber escrever, recomendo, sem nenhuma reserva que busquem conhecimento, pois seu conceito está equivocado. Afinal, este pensamento arcaico de que quem escreve bem deve ser jornalista é pra lá de ultrapassado e nada tem a ver com a prática cotidiana. Um bom texto ajuda, mas não é tudo.

Se há lei, que seja para todos. Se há lei para uma profissão, que haja para todas.

Um juiz, um promotor, um advogado por exemplo, o que cursou? Direito? Opa? O que se estuda neste curso? Todos aspectos da legislação brasileira, todo objeto do direito positivado, toda doutrina, sociologia, filosofia, medicina legal, língua portuguesa, direito penal, civil, constitucional,processo civil, penal,direito internacional, direito tributário.

Ninguém sai preparado para exercer a profissão, aprendem com a prática e é notório que há cursos deixam a desejar. Isto sem mencionar que muitos profissionais, sem cursar doutorado, ainda são chamados de "dotô" e fazem questão disso.

Então, qual a diferença?

Por qual motivo o jornalista tem que ser tratado diferente.

Todos se sentem jornalistas e querem colocar 'pitaco'.

Creio que as mudanças têm que ser basais e não apenas paliativas. É mexer em um vespeiro, ainda mais em um país, no qual a democracia sempre foi apenas uma palavra. Afirmo isso com certeza absoluta, principalmente pela apatia 2016 e o espetáculo absurdo da incompetência de reação ante a estratégia reacionária traçado nos últimos 6 anos.

Seriam as mudanças basais, que começariam sobre a propriedade das empresas de comunicação. Deixo, no momento a reflexão sobre o tema para não escrever um tratado.

Quanto à Internet, na mesma questão das mudanças, é preciso saber o que se quer do jornalismo digital. Lembro de 2001, quando muitos não acreditavam na necessidade das transformações. Pois bem, é preciso adaptação, seja na linguagem, seja no aspecto visual, seja no aspecto jurídico. É preciso resgatar o crédito da informação de fato, a pasmaceira tomou conta e grande parte da mídia tomou carona nisso pelo simples fato de ganhar dinheiro com isso.

Quem perdeu? A sociedade.

Um elevado número de material compartilhado, não passa de lixo, não vou arriscar dados, porque não tenho números tabulados finalizados.

Retomando a questão do mercado, sem a exigência do diploma, muitos profissionais estão com salários defasados, outros aceitam ser contratados por qualquer merreca. É para isto que um jornalista se preparou?

Não.

Alto lá.

Bem-vindo à selva?

Discordo.

Nossa luta é pela informação, pela nossa profissão e pelo nosso país.

A quem não sabe e que fique bem claro: o bom jornalista é um dos profissionais que mais luta por uma sociedade melhor e justa. Infelizmente, com tudo que está acontecendo neste país, ser jornalista, mais parece motivo de vergonha.


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